Um cão da raça terrier engoliu um pato de borracha e ficou com o brinquedo dentro de seu corpo durante 18 meses na Grã-Bretanha.
Os donos do terrier Spike tiveram que pagar mil libras (quase R$ 3 mil) por uma cirurgia para a retirada do brinquedo, que só foi detectado dentro do cachorro depois de um exame de raio-X.
Colin Smith e Lorraine Fenton, donos do animal, notaram que o cão começou a se sentir mal e a vomitar pouco antes do Natal.
Eles levaram Spike para um veterinário perto de casa, na região de Leeds, Inglaterra, mas os exames iniciais não encontraram nada de errado com o cão.
Apenas depois de um exame de raio-X que médicos e os donos do cão puderam ver que o problema era um pato de borracha, que poderia ser visto com clareza no intestino do animal.
Colin Smith então se lembrou de como Spike tinha roubado o brinquedo do banheiro da casa.
"Ele come absolutamente tudo", disse. "Ele deve ter visto o pato e pensado 'eles não vão deixar que eu fique com ele' então ele simplesmente o engoliu por inteiro."
Spike teve então que passar por uma cirurgia para a retirada do brinquedo.
Apesar do custo da operação, os donos de Spike afirmam que ficaram aliviados em descobrir qual era o problema com o cachorro.
"Foi um alívio descobrir o que causou o problema, estávamos preocupados com ele", disse Smith.
O dono de Spike guardou o pato de borracha engolido pelo cachorro, como uma lembrança.
"A única diferença é que ele ficou preto, depois de perder toda a tinta amarela", afirmou.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Cachorro passa 18 meses com pato de borracha no intestino
Um cão da raça terrier engoliu um pato de borracha e ficou com o brinquedo dentro de seu corpo durante 18 meses na Grã-Bretanha.
Os donos do terrier Spike tiveram que pagar mil libras (quase R$ 3 mil) por uma cirurgia para a retirada do brinquedo, que só foi detectado dentro do cachorro depois de um exame de raio-X.
Colin Smith e Lorraine Fenton, donos do animal, notaram que o cão começou a se sentir mal e a vomitar pouco antes do Natal.
Eles levaram Spike para um veterinário perto de casa, na região de Leeds, Inglaterra, mas os exames iniciais não encontraram nada de errado com o cão.
Apenas depois de um exame de raio-X que médicos e os donos do cão puderam ver que o problema era um pato de borracha, que poderia ser visto com clareza no intestino do animal.
Colin Smith então se lembrou de como Spike tinha roubado o brinquedo do banheiro da casa.
"Ele come absolutamente tudo", disse. "Ele deve ter visto o pato e pensado 'eles não vão deixar que eu fique com ele' então ele simplesmente o engoliu por inteiro."
Spike teve então que passar por uma cirurgia para a retirada do brinquedo.
Apesar do custo da operação, os donos de Spike afirmam que ficaram aliviados em descobrir qual era o problema com o cachorro.
"Foi um alívio descobrir o que causou o problema, estávamos preocupados com ele", disse Smith.
O dono de Spike guardou o pato de borracha engolido pelo cachorro, como uma lembrança.
"A única diferença é que ele ficou preto, depois de perder toda a tinta amarela", afirmou.
Os donos do terrier Spike tiveram que pagar mil libras (quase R$ 3 mil) por uma cirurgia para a retirada do brinquedo, que só foi detectado dentro do cachorro depois de um exame de raio-X.
Colin Smith e Lorraine Fenton, donos do animal, notaram que o cão começou a se sentir mal e a vomitar pouco antes do Natal.
Eles levaram Spike para um veterinário perto de casa, na região de Leeds, Inglaterra, mas os exames iniciais não encontraram nada de errado com o cão.
Apenas depois de um exame de raio-X que médicos e os donos do cão puderam ver que o problema era um pato de borracha, que poderia ser visto com clareza no intestino do animal.
Colin Smith então se lembrou de como Spike tinha roubado o brinquedo do banheiro da casa.
"Ele come absolutamente tudo", disse. "Ele deve ter visto o pato e pensado 'eles não vão deixar que eu fique com ele' então ele simplesmente o engoliu por inteiro."
Spike teve então que passar por uma cirurgia para a retirada do brinquedo.
Apesar do custo da operação, os donos de Spike afirmam que ficaram aliviados em descobrir qual era o problema com o cachorro.
"Foi um alívio descobrir o que causou o problema, estávamos preocupados com ele", disse Smith.
O dono de Spike guardou o pato de borracha engolido pelo cachorro, como uma lembrança.
"A única diferença é que ele ficou preto, depois de perder toda a tinta amarela", afirmou.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Estudo com cães pode ajudar vítimas de transtorno obsessivo-compulsivo
Cientistas associaram um gene ao comportamento compulsivo --em cachorros.
Pesquisadores estudaram doberman pinschers que se enroscavam e chupavam os flancos por horas. Eles descobriram que esses cachorros tinham um gene em comum.
Os cientistas descreveram suas descobertas --o primeiro gene identificado como tal em cães-- num curto relatório publicado este mês no "Molecular Psychiatry".
Nicholas Dodman, diretor da clínica de comportamento animal da Cummings School of Veterinary Medicine, da Tufts University, no estado de Massachusetts, e principal autor do relatório, afirmou que as descobertas têm amplas implicações para transtornos compulsivos em pessoas e animais.
Estimativas calculam que o transtorno obsessivo-compulsivo atinja de 2,5% a 8% da população humana. Ele aparece em comportamentos como lavar as mãos excessivamente, verificar o forno, trancas e luzes várias vezes, além de ações prejudiciais, como arrancar cabelos pela raiz e automutilação.
O transtorno tem sido retratado em filmes de sucesso e programas de televisão para definir personagens, como o escritor recluso Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson no longa "Melhor Impossível" ("As Good as It Gets"), e Adrian Monk, interpretado por Tony Shaloub na série de televisão "Monk". Transtornos similares são conhecidos em cachorros, particularmente em certas raças, incluindo dobermans.
Dodman e seus colaboradores buscaram uma fonte genética para esse comportamento ao analisar e comparar os genomas de 94 doberman pinschers que chupavam seus flancos, cobertores, ou apresentavam ambos os comportamentos, com os de 73 dobermans "normais". Eles também estudaram os pedigrees de todos os cães para padrões complexos de hereditariedade. Os pesquisadores identificaram um ponto no cromossomo canino 7 contendo o gene CDH2 (Cadherin 2), que mostrou variação no código genético quando os comportamentos dos cães de chupar ou não seus flancos ou cobertores foram comparados.
A associação estatística levou a investigações mais profundas, a fim de determinar para qual proteína o gene continha instruções. Era para uma das proteínas chamadas cadherinas, encontradas por todo o reino animal e aparentemente envolvidas no alinhamento, adesão e sinalização celular.
Essas proteínas também foram recentemente associadas a transtornos no espectro do autismo, que inclui comportamentos repetidos e compulsivos, disse Dr. Edward I. Ginns, principal autor do relatório publicado no Molecular Psychiatry e diretor do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts.
Dennis Murphy, psiquiatra que não esteve envolvido no estudo, afirmou que os resultados tinham potencial para uma compreensão mais avançada sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Dr. Murphy, também chefe do Laboratório de Ciências Clínicas da Divisão do Programa de Pesquisa Intramural dos Institutos Nacionais de Saúde Mental, agora está trabalhando para encontrar e sequenciar o gene CDH2 em humanos, com o objetivo de verificar se ele está ligado ao comportamento obsessivo-compulsivo.
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo muitas vezes apresentam comportamentos normais que se tornam extremos, ritualizados, repetitivos e que consomem muito tempo, e sofrem de ansiedade e pensamento obsessivo.
Pelo fato de que o transtorno envolve pensamentos obsessivos e devido à dificuldade de entender a cognição animal, os mesmos tipos de comportamento em animais têm sido referidos simplesmente como transtorno compulsivo.
À medida que os cientistas aprendem mais sobre as causas moleculares por trás dessa condição, eles usam cada vez mais o termo "transtorno obsessivo-compulsivo" para se referir à condição em animais e pessoas.
Estimativas superficiais recentes realizadas por Karen L. Overall, veterinária especialista em comportamento animal da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, sugere que até 8% dos cães nos Estados Unidos --de 5 a 6 milhões de animais-- apresentam comportamento compulsivo, como correr em cercas, marchar, girar, tentar pegar o próprio rabo, abocanhar moscas imaginárias, lamber, mastigar, latir e encarar. Três machos para cada fêmea apresentam esses problemas, ela descobriu, enquanto em gatos a proporção é reversa.
Overall afirmou que os cães desenvolvem comportamento compulsivo entre 1 e 4 anos de idade. Alguns cachorros do grupo de estudo de Dodman começaram mais cedo, chupando cobertores com cerca de 5 meses de idade, e seus flancos com 9 meses.
Os cães podem ser tratados, mas quando não são o comportamento compulsivo é uma das principais razões pelas quais os donos colocam os bichos para adoção ou eutanásia, segundo behavioristas veterinários.
Dra. Overall afirmou em artigo científico que causas ambientais podem ultrapassar fatores genéticos no desenvolvimento de comportamento compulsivo em alguns casos.
Ela disse que a prática de "enforcar" um cachorro pelo pescoço, uma forma de disciplina defendida por alguns treinadores, produz comportamentos compulsivos. Cães que vieram de canis ou abrigos, cães de resgate e aqueles que são confinados e ficam entediados ou ansiosos também parecem apresentar tendência maior ao comportamento compulsivo, disse ela.
Outros animais domésticos, especialmente gatos e cavalos, assim como alguns animais de zoológicos, apresentam comportamentos compulsivos, incluindo chupar lã no caso de gatos siameses, transtorno de locomoção em cavalos confinados, e marcha em ursos polares, tigres e outros carnívoros em cativeiro.
Embora antidepressivos, particularmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina e clomipramina, um antidepressivo tricíclico, e modificação no comportamento tenham se mostrado eficazes em controlar comportamento compulsivo em cachorros e pessoas, eles parecem não corrigir patologias ocultas ou causas, disse Ginns. Essas causas provavelmente são tão variadas quanto os comportamentos compulsivos --e tão complexas quanto a interação de vários genes e o ambiente.
"O estresse e a ansiedade, assim como trauma físico e doença, podem deflagrar comportamentos repetitivos que depois assumem vida própria", disse Ginns.
Entretanto, ele acredita que em muitos casos há uma predisposição genética que responde aos estímulos ambientais de forma que um comportamento antes normal passa a ser patológico. Essas disposições genéticas podem diferir acentuadamente em comportamentos diferentes.
Alguns geneticistas afirmam que, devido ao seu pedigree detalhado e à similaridade de seus genes em relação aos humanos, os cachorros são um modelo ideal para estudo de comportamentos e patologias humanas, especialmente os que envolvem padrões complexos de hereditariedade. Poucos humanos têm registros genealógicos detalhados, mas são um exemplo quando se fala em registrar cada detalhe dos ancestrais de seus animais de raça pura.
"Nick e eu temos um interesse por pedigrees", contou Ginns, explicando como ele e Dodman se tornaram colaboradores de Kerstin Lindblad-Toh e seus sequenciadores genéticos do Broad Institute do MIT e Harvard --o mesmo grupo que sequenciou o genoma do cão, agora tão valioso para estudiosos dos genes caninos quanto para estudiosos dos genes humanos.
Pesquisadores estudaram doberman pinschers que se enroscavam e chupavam os flancos por horas. Eles descobriram que esses cachorros tinham um gene em comum.
Os cientistas descreveram suas descobertas --o primeiro gene identificado como tal em cães-- num curto relatório publicado este mês no "Molecular Psychiatry".
Nicholas Dodman, diretor da clínica de comportamento animal da Cummings School of Veterinary Medicine, da Tufts University, no estado de Massachusetts, e principal autor do relatório, afirmou que as descobertas têm amplas implicações para transtornos compulsivos em pessoas e animais.
Estimativas calculam que o transtorno obsessivo-compulsivo atinja de 2,5% a 8% da população humana. Ele aparece em comportamentos como lavar as mãos excessivamente, verificar o forno, trancas e luzes várias vezes, além de ações prejudiciais, como arrancar cabelos pela raiz e automutilação.
O transtorno tem sido retratado em filmes de sucesso e programas de televisão para definir personagens, como o escritor recluso Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson no longa "Melhor Impossível" ("As Good as It Gets"), e Adrian Monk, interpretado por Tony Shaloub na série de televisão "Monk". Transtornos similares são conhecidos em cachorros, particularmente em certas raças, incluindo dobermans.
Dodman e seus colaboradores buscaram uma fonte genética para esse comportamento ao analisar e comparar os genomas de 94 doberman pinschers que chupavam seus flancos, cobertores, ou apresentavam ambos os comportamentos, com os de 73 dobermans "normais". Eles também estudaram os pedigrees de todos os cães para padrões complexos de hereditariedade. Os pesquisadores identificaram um ponto no cromossomo canino 7 contendo o gene CDH2 (Cadherin 2), que mostrou variação no código genético quando os comportamentos dos cães de chupar ou não seus flancos ou cobertores foram comparados.
A associação estatística levou a investigações mais profundas, a fim de determinar para qual proteína o gene continha instruções. Era para uma das proteínas chamadas cadherinas, encontradas por todo o reino animal e aparentemente envolvidas no alinhamento, adesão e sinalização celular.
Essas proteínas também foram recentemente associadas a transtornos no espectro do autismo, que inclui comportamentos repetidos e compulsivos, disse Dr. Edward I. Ginns, principal autor do relatório publicado no Molecular Psychiatry e diretor do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts.
Dennis Murphy, psiquiatra que não esteve envolvido no estudo, afirmou que os resultados tinham potencial para uma compreensão mais avançada sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Dr. Murphy, também chefe do Laboratório de Ciências Clínicas da Divisão do Programa de Pesquisa Intramural dos Institutos Nacionais de Saúde Mental, agora está trabalhando para encontrar e sequenciar o gene CDH2 em humanos, com o objetivo de verificar se ele está ligado ao comportamento obsessivo-compulsivo.
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo muitas vezes apresentam comportamentos normais que se tornam extremos, ritualizados, repetitivos e que consomem muito tempo, e sofrem de ansiedade e pensamento obsessivo.
Pelo fato de que o transtorno envolve pensamentos obsessivos e devido à dificuldade de entender a cognição animal, os mesmos tipos de comportamento em animais têm sido referidos simplesmente como transtorno compulsivo.
À medida que os cientistas aprendem mais sobre as causas moleculares por trás dessa condição, eles usam cada vez mais o termo "transtorno obsessivo-compulsivo" para se referir à condição em animais e pessoas.
Estimativas superficiais recentes realizadas por Karen L. Overall, veterinária especialista em comportamento animal da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, sugere que até 8% dos cães nos Estados Unidos --de 5 a 6 milhões de animais-- apresentam comportamento compulsivo, como correr em cercas, marchar, girar, tentar pegar o próprio rabo, abocanhar moscas imaginárias, lamber, mastigar, latir e encarar. Três machos para cada fêmea apresentam esses problemas, ela descobriu, enquanto em gatos a proporção é reversa.
Overall afirmou que os cães desenvolvem comportamento compulsivo entre 1 e 4 anos de idade. Alguns cachorros do grupo de estudo de Dodman começaram mais cedo, chupando cobertores com cerca de 5 meses de idade, e seus flancos com 9 meses.
Os cães podem ser tratados, mas quando não são o comportamento compulsivo é uma das principais razões pelas quais os donos colocam os bichos para adoção ou eutanásia, segundo behavioristas veterinários.
Dra. Overall afirmou em artigo científico que causas ambientais podem ultrapassar fatores genéticos no desenvolvimento de comportamento compulsivo em alguns casos.
Ela disse que a prática de "enforcar" um cachorro pelo pescoço, uma forma de disciplina defendida por alguns treinadores, produz comportamentos compulsivos. Cães que vieram de canis ou abrigos, cães de resgate e aqueles que são confinados e ficam entediados ou ansiosos também parecem apresentar tendência maior ao comportamento compulsivo, disse ela.
Outros animais domésticos, especialmente gatos e cavalos, assim como alguns animais de zoológicos, apresentam comportamentos compulsivos, incluindo chupar lã no caso de gatos siameses, transtorno de locomoção em cavalos confinados, e marcha em ursos polares, tigres e outros carnívoros em cativeiro.
Embora antidepressivos, particularmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina e clomipramina, um antidepressivo tricíclico, e modificação no comportamento tenham se mostrado eficazes em controlar comportamento compulsivo em cachorros e pessoas, eles parecem não corrigir patologias ocultas ou causas, disse Ginns. Essas causas provavelmente são tão variadas quanto os comportamentos compulsivos --e tão complexas quanto a interação de vários genes e o ambiente.
"O estresse e a ansiedade, assim como trauma físico e doença, podem deflagrar comportamentos repetitivos que depois assumem vida própria", disse Ginns.
Entretanto, ele acredita que em muitos casos há uma predisposição genética que responde aos estímulos ambientais de forma que um comportamento antes normal passa a ser patológico. Essas disposições genéticas podem diferir acentuadamente em comportamentos diferentes.
Alguns geneticistas afirmam que, devido ao seu pedigree detalhado e à similaridade de seus genes em relação aos humanos, os cachorros são um modelo ideal para estudo de comportamentos e patologias humanas, especialmente os que envolvem padrões complexos de hereditariedade. Poucos humanos têm registros genealógicos detalhados, mas são um exemplo quando se fala em registrar cada detalhe dos ancestrais de seus animais de raça pura.
"Nick e eu temos um interesse por pedigrees", contou Ginns, explicando como ele e Dodman se tornaram colaboradores de Kerstin Lindblad-Toh e seus sequenciadores genéticos do Broad Institute do MIT e Harvard --o mesmo grupo que sequenciou o genoma do cão, agora tão valioso para estudiosos dos genes caninos quanto para estudiosos dos genes humanos.
Estudo com cães pode ajudar vítimas de transtorno obsessivo-compulsivo
Cientistas associaram um gene ao comportamento compulsivo --em cachorros.
Pesquisadores estudaram doberman pinschers que se enroscavam e chupavam os flancos por horas. Eles descobriram que esses cachorros tinham um gene em comum.
Os cientistas descreveram suas descobertas --o primeiro gene identificado como tal em cães-- num curto relatório publicado este mês no "Molecular Psychiatry".
Nicholas Dodman, diretor da clínica de comportamento animal da Cummings School of Veterinary Medicine, da Tufts University, no estado de Massachusetts, e principal autor do relatório, afirmou que as descobertas têm amplas implicações para transtornos compulsivos em pessoas e animais.
Estimativas calculam que o transtorno obsessivo-compulsivo atinja de 2,5% a 8% da população humana. Ele aparece em comportamentos como lavar as mãos excessivamente, verificar o forno, trancas e luzes várias vezes, além de ações prejudiciais, como arrancar cabelos pela raiz e automutilação.
O transtorno tem sido retratado em filmes de sucesso e programas de televisão para definir personagens, como o escritor recluso Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson no longa "Melhor Impossível" ("As Good as It Gets"), e Adrian Monk, interpretado por Tony Shaloub na série de televisão "Monk". Transtornos similares são conhecidos em cachorros, particularmente em certas raças, incluindo dobermans.
Dodman e seus colaboradores buscaram uma fonte genética para esse comportamento ao analisar e comparar os genomas de 94 doberman pinschers que chupavam seus flancos, cobertores, ou apresentavam ambos os comportamentos, com os de 73 dobermans "normais". Eles também estudaram os pedigrees de todos os cães para padrões complexos de hereditariedade. Os pesquisadores identificaram um ponto no cromossomo canino 7 contendo o gene CDH2 (Cadherin 2), que mostrou variação no código genético quando os comportamentos dos cães de chupar ou não seus flancos ou cobertores foram comparados.
A associação estatística levou a investigações mais profundas, a fim de determinar para qual proteína o gene continha instruções. Era para uma das proteínas chamadas cadherinas, encontradas por todo o reino animal e aparentemente envolvidas no alinhamento, adesão e sinalização celular.
Essas proteínas também foram recentemente associadas a transtornos no espectro do autismo, que inclui comportamentos repetidos e compulsivos, disse Dr. Edward I. Ginns, principal autor do relatório publicado no Molecular Psychiatry e diretor do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts.
Dennis Murphy, psiquiatra que não esteve envolvido no estudo, afirmou que os resultados tinham potencial para uma compreensão mais avançada sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Dr. Murphy, também chefe do Laboratório de Ciências Clínicas da Divisão do Programa de Pesquisa Intramural dos Institutos Nacionais de Saúde Mental, agora está trabalhando para encontrar e sequenciar o gene CDH2 em humanos, com o objetivo de verificar se ele está ligado ao comportamento obsessivo-compulsivo.
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo muitas vezes apresentam comportamentos normais que se tornam extremos, ritualizados, repetitivos e que consomem muito tempo, e sofrem de ansiedade e pensamento obsessivo.
Pelo fato de que o transtorno envolve pensamentos obsessivos e devido à dificuldade de entender a cognição animal, os mesmos tipos de comportamento em animais têm sido referidos simplesmente como transtorno compulsivo.
À medida que os cientistas aprendem mais sobre as causas moleculares por trás dessa condição, eles usam cada vez mais o termo "transtorno obsessivo-compulsivo" para se referir à condição em animais e pessoas.
Estimativas superficiais recentes realizadas por Karen L. Overall, veterinária especialista em comportamento animal da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, sugere que até 8% dos cães nos Estados Unidos --de 5 a 6 milhões de animais-- apresentam comportamento compulsivo, como correr em cercas, marchar, girar, tentar pegar o próprio rabo, abocanhar moscas imaginárias, lamber, mastigar, latir e encarar. Três machos para cada fêmea apresentam esses problemas, ela descobriu, enquanto em gatos a proporção é reversa.
Overall afirmou que os cães desenvolvem comportamento compulsivo entre 1 e 4 anos de idade. Alguns cachorros do grupo de estudo de Dodman começaram mais cedo, chupando cobertores com cerca de 5 meses de idade, e seus flancos com 9 meses.
Os cães podem ser tratados, mas quando não são o comportamento compulsivo é uma das principais razões pelas quais os donos colocam os bichos para adoção ou eutanásia, segundo behavioristas veterinários.
Dra. Overall afirmou em artigo científico que causas ambientais podem ultrapassar fatores genéticos no desenvolvimento de comportamento compulsivo em alguns casos.
Ela disse que a prática de "enforcar" um cachorro pelo pescoço, uma forma de disciplina defendida por alguns treinadores, produz comportamentos compulsivos. Cães que vieram de canis ou abrigos, cães de resgate e aqueles que são confinados e ficam entediados ou ansiosos também parecem apresentar tendência maior ao comportamento compulsivo, disse ela.
Outros animais domésticos, especialmente gatos e cavalos, assim como alguns animais de zoológicos, apresentam comportamentos compulsivos, incluindo chupar lã no caso de gatos siameses, transtorno de locomoção em cavalos confinados, e marcha em ursos polares, tigres e outros carnívoros em cativeiro.
Embora antidepressivos, particularmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina e clomipramina, um antidepressivo tricíclico, e modificação no comportamento tenham se mostrado eficazes em controlar comportamento compulsivo em cachorros e pessoas, eles parecem não corrigir patologias ocultas ou causas, disse Ginns. Essas causas provavelmente são tão variadas quanto os comportamentos compulsivos --e tão complexas quanto a interação de vários genes e o ambiente.
"O estresse e a ansiedade, assim como trauma físico e doença, podem deflagrar comportamentos repetitivos que depois assumem vida própria", disse Ginns.
Entretanto, ele acredita que em muitos casos há uma predisposição genética que responde aos estímulos ambientais de forma que um comportamento antes normal passa a ser patológico. Essas disposições genéticas podem diferir acentuadamente em comportamentos diferentes.
Alguns geneticistas afirmam que, devido ao seu pedigree detalhado e à similaridade de seus genes em relação aos humanos, os cachorros são um modelo ideal para estudo de comportamentos e patologias humanas, especialmente os que envolvem padrões complexos de hereditariedade. Poucos humanos têm registros genealógicos detalhados, mas são um exemplo quando se fala em registrar cada detalhe dos ancestrais de seus animais de raça pura.
"Nick e eu temos um interesse por pedigrees", contou Ginns, explicando como ele e Dodman se tornaram colaboradores de Kerstin Lindblad-Toh e seus sequenciadores genéticos do Broad Institute do MIT e Harvard --o mesmo grupo que sequenciou o genoma do cão, agora tão valioso para estudiosos dos genes caninos quanto para estudiosos dos genes humanos.
Pesquisadores estudaram doberman pinschers que se enroscavam e chupavam os flancos por horas. Eles descobriram que esses cachorros tinham um gene em comum.
Os cientistas descreveram suas descobertas --o primeiro gene identificado como tal em cães-- num curto relatório publicado este mês no "Molecular Psychiatry".
Nicholas Dodman, diretor da clínica de comportamento animal da Cummings School of Veterinary Medicine, da Tufts University, no estado de Massachusetts, e principal autor do relatório, afirmou que as descobertas têm amplas implicações para transtornos compulsivos em pessoas e animais.
Estimativas calculam que o transtorno obsessivo-compulsivo atinja de 2,5% a 8% da população humana. Ele aparece em comportamentos como lavar as mãos excessivamente, verificar o forno, trancas e luzes várias vezes, além de ações prejudiciais, como arrancar cabelos pela raiz e automutilação.
O transtorno tem sido retratado em filmes de sucesso e programas de televisão para definir personagens, como o escritor recluso Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson no longa "Melhor Impossível" ("As Good as It Gets"), e Adrian Monk, interpretado por Tony Shaloub na série de televisão "Monk". Transtornos similares são conhecidos em cachorros, particularmente em certas raças, incluindo dobermans.
Dodman e seus colaboradores buscaram uma fonte genética para esse comportamento ao analisar e comparar os genomas de 94 doberman pinschers que chupavam seus flancos, cobertores, ou apresentavam ambos os comportamentos, com os de 73 dobermans "normais". Eles também estudaram os pedigrees de todos os cães para padrões complexos de hereditariedade. Os pesquisadores identificaram um ponto no cromossomo canino 7 contendo o gene CDH2 (Cadherin 2), que mostrou variação no código genético quando os comportamentos dos cães de chupar ou não seus flancos ou cobertores foram comparados.
A associação estatística levou a investigações mais profundas, a fim de determinar para qual proteína o gene continha instruções. Era para uma das proteínas chamadas cadherinas, encontradas por todo o reino animal e aparentemente envolvidas no alinhamento, adesão e sinalização celular.
Essas proteínas também foram recentemente associadas a transtornos no espectro do autismo, que inclui comportamentos repetidos e compulsivos, disse Dr. Edward I. Ginns, principal autor do relatório publicado no Molecular Psychiatry e diretor do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts.
Dennis Murphy, psiquiatra que não esteve envolvido no estudo, afirmou que os resultados tinham potencial para uma compreensão mais avançada sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Dr. Murphy, também chefe do Laboratório de Ciências Clínicas da Divisão do Programa de Pesquisa Intramural dos Institutos Nacionais de Saúde Mental, agora está trabalhando para encontrar e sequenciar o gene CDH2 em humanos, com o objetivo de verificar se ele está ligado ao comportamento obsessivo-compulsivo.
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo muitas vezes apresentam comportamentos normais que se tornam extremos, ritualizados, repetitivos e que consomem muito tempo, e sofrem de ansiedade e pensamento obsessivo.
Pelo fato de que o transtorno envolve pensamentos obsessivos e devido à dificuldade de entender a cognição animal, os mesmos tipos de comportamento em animais têm sido referidos simplesmente como transtorno compulsivo.
À medida que os cientistas aprendem mais sobre as causas moleculares por trás dessa condição, eles usam cada vez mais o termo "transtorno obsessivo-compulsivo" para se referir à condição em animais e pessoas.
Estimativas superficiais recentes realizadas por Karen L. Overall, veterinária especialista em comportamento animal da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, sugere que até 8% dos cães nos Estados Unidos --de 5 a 6 milhões de animais-- apresentam comportamento compulsivo, como correr em cercas, marchar, girar, tentar pegar o próprio rabo, abocanhar moscas imaginárias, lamber, mastigar, latir e encarar. Três machos para cada fêmea apresentam esses problemas, ela descobriu, enquanto em gatos a proporção é reversa.
Overall afirmou que os cães desenvolvem comportamento compulsivo entre 1 e 4 anos de idade. Alguns cachorros do grupo de estudo de Dodman começaram mais cedo, chupando cobertores com cerca de 5 meses de idade, e seus flancos com 9 meses.
Os cães podem ser tratados, mas quando não são o comportamento compulsivo é uma das principais razões pelas quais os donos colocam os bichos para adoção ou eutanásia, segundo behavioristas veterinários.
Dra. Overall afirmou em artigo científico que causas ambientais podem ultrapassar fatores genéticos no desenvolvimento de comportamento compulsivo em alguns casos.
Ela disse que a prática de "enforcar" um cachorro pelo pescoço, uma forma de disciplina defendida por alguns treinadores, produz comportamentos compulsivos. Cães que vieram de canis ou abrigos, cães de resgate e aqueles que são confinados e ficam entediados ou ansiosos também parecem apresentar tendência maior ao comportamento compulsivo, disse ela.
Outros animais domésticos, especialmente gatos e cavalos, assim como alguns animais de zoológicos, apresentam comportamentos compulsivos, incluindo chupar lã no caso de gatos siameses, transtorno de locomoção em cavalos confinados, e marcha em ursos polares, tigres e outros carnívoros em cativeiro.
Embora antidepressivos, particularmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina e clomipramina, um antidepressivo tricíclico, e modificação no comportamento tenham se mostrado eficazes em controlar comportamento compulsivo em cachorros e pessoas, eles parecem não corrigir patologias ocultas ou causas, disse Ginns. Essas causas provavelmente são tão variadas quanto os comportamentos compulsivos --e tão complexas quanto a interação de vários genes e o ambiente.
"O estresse e a ansiedade, assim como trauma físico e doença, podem deflagrar comportamentos repetitivos que depois assumem vida própria", disse Ginns.
Entretanto, ele acredita que em muitos casos há uma predisposição genética que responde aos estímulos ambientais de forma que um comportamento antes normal passa a ser patológico. Essas disposições genéticas podem diferir acentuadamente em comportamentos diferentes.
Alguns geneticistas afirmam que, devido ao seu pedigree detalhado e à similaridade de seus genes em relação aos humanos, os cachorros são um modelo ideal para estudo de comportamentos e patologias humanas, especialmente os que envolvem padrões complexos de hereditariedade. Poucos humanos têm registros genealógicos detalhados, mas são um exemplo quando se fala em registrar cada detalhe dos ancestrais de seus animais de raça pura.
"Nick e eu temos um interesse por pedigrees", contou Ginns, explicando como ele e Dodman se tornaram colaboradores de Kerstin Lindblad-Toh e seus sequenciadores genéticos do Broad Institute do MIT e Harvard --o mesmo grupo que sequenciou o genoma do cão, agora tão valioso para estudiosos dos genes caninos quanto para estudiosos dos genes humanos.
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